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ARTE

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

JAN KOSTRA - DAVA A ÚLTIMA CAMISA POR UM POEMA





Dava a última camisa por um poema.
Domingo ao fim da tarde só restam cinzas.
Todos. Tudo inteiramente consumido. Tudo, o quê?
Segunda, sobrava alguma palavra intacta na lareira?

Terça-feira
tão comprida como um ano

quarta, outra vez a esperança
Não, sem poema não se pode viver!

Quinta a memória entra em pânico
A pouca claridade que restava anoiteceu

também na sexta as vagonetas com o meu minério
perdem-se no túnel

Sábado:
trabalho em vão!
Domingo tudo recomeça e voltava a dar
a última camisa por um poema

Tradução de Ernesto Sampaio

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