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ARTE

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MIGUEL DE UNAMUNO (1864-1936) - AO MEU ABUTRE






Este abutre voraz de cenho torvo
que me come as entranhas, carniceiro,
e é meu único, constante companheiro,
lavra-me as penas com seu bico curvo.

No dia em que ele deva o último sorvo
esgotar de meu negro sangue, quero
que me deixeis com ele só fronteiro
um momento, sem mais ninguém de estorvo.

Pois quero fazer triunfo da agonia,
enquanto ele os meus despojos traga,
surpreender em seus olhos a sombria

olhada ante a ameaça da aziaga
sorte, sem ter em quem satisfazia
a fome atroz que nunca se lhe apaga.

Tradução de José Bento


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