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ARTE

sábado, 3 de abril de 2010

GUILLAUME APOLLINAIRE - A LINDA RUIVA






Eis-me aqui diante de todos um homem cheio de bom senso
Conhecendo da vida e da morte tudo o que um ser vivo pode conhecer
Tenho experimentado as dores e as alegrias do amor
Tenho sabido algumas vezes impor as suas ideias
Conhecendo várias línguas
Tenho viajado bastante
Visto a guerra na Artilharia e na Infantaria
Tendo sido ferido na cabeça trepanado sob o clorofórmio
Perdido os seus melhores amigos nessa pavorosa luta
Sei do antigo e do novo tanto quanto um só homem pode saber
E sem me inquietar hoje com a guerra
Entre nós e para nós meus amigos
Julgo esta longa querela entre a tradição e a invenção
A Ordem e a Aventura

Vós cuja boca é feita à imagem da boca de Deus
Boca que é a própria ordem
Sede indulgentes quando nos comparais
Aos que foram a perfeição da ordem
Nós que por todo o lado procuramos a aventura
Nós não somos vossos inimigos
Queremos dar-vos vastos e estranhos domínios
Onde o mistério em flor se oferece a quem o quiser colher
Há lá fogos de cores nunca antes vistas
Mil fantasmas imponderáveis
Aos quais é necessário dar realidade

Queremos explorar a bondade país enorme onde tudo se cala
Há ainda o tempo que se pode fazer parar ou retroceder
Piedade para nós que combatemos sempre nas fronteiras
Do ilimitado e do futuro
Piedade para os nossos erros piedade para os nossos pecados

Eis que chega o Verão a estação violenta
E a minha juventude morreu com a Primavera
Oh sol chegou o tempo da razão ardente
E eu espero
Para seguir sempre a forma nobre e doce
Que ela toma para que seja o meu único amor
Ela chega e atrai-me como o íman ao ferro
Ela tem o aspecto sedutor
De uma adorável ruiva

São de oiro os seus cabelos
E é vê-los a brilhar
Ou como essas chamas que nas rosas-chá
Quase murchas não param de dançar

Mas ride ride de mim
Homens de toda a parte sobretudo gente daqui
Porque há tantas coisas que eu não ouso dizer-vos
Tantas coisas que vós não me deixaríeis dizer
Tende piedade de mim


Tradução Jorge Sousa Braga

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